EaD em "retalhos"??!!, por Josane Anethe Ortiz

    Relutei muito em compartilhar minha vivência nessa primeira etapa do curso. Talvez seja a resistência pessoal que tenho em expor-me de forma tão "aberta" para pessoas que não estou vendo, sem um um rosto familiar.  Na web não existe o privado, o pessoal,  o que é apenas "nosso" como os antigos diários em que relatavamos nossas experiências, vivências e sentimentos.  Não sou ingênua. Sei que a exposição tem um preço. E nessa guerra interna que travei comigo mesma, venceu a verdade que trago como meu bem mais verdadeiro. Se não posso viver dentro da minha verdade, então não posso ser eu mesma. Essa foi a primeira batalha vencida: ser o mais verdadeira e honesta possível na web (risos).

    A segunda batalha foi organizar a confusão que se criou no meu universo.... "retalhos e mais retalhos" para juntar e montar uma "colcha de aprendizado". Quem já vivenciou ou experimentou como é fazer uma colcha de retalhos ou que modernamente chamamos de "patchwork", sabe que não é nada fácil, juntar as peças com harmonia, beleza e equilíbrio. É uma arte. E que arte heim.

    Cá estou eu tentanto juntar as minhas peças para fazer a minha colcha de retalhos, onde o que conta é o conjunto e não as partes. 

    Esse exercício funcionou como um desafio mesmo. A parte histórica que remonta "onde", "como" e "quando" a EaD surgiu não me incomoda. Adoro história porque a partir dela posso compreender o meu presente.  Descobri que o que me incomoda mesmo são todas essas ferramentas, essas novas tecnologias de comunicação que invadem nossos sentidos.

    A partir da visita a alguns blogs me senti meio "obsoleta", "anacrônica" mesmo. São tantas informações.... tantos novos conceitos que me senti meio "peixe-fora-dágua". Comecei a buscar respostas... Me lembrei da reportagem especial sobre Gerações apresentada pela Rede Glogo (sem querer fazer propaganda, mas foi excelente) que eu havia recentemente assistido. Como havia descoberto que pertenço a geração X, fiquei menos ansiosa com a tarefa.  

    Criar o blog pareceu-me algo quase impossível... porque no início queria me nortear pelos que estava visitando. Eles são atualizados a todo momento e possuem muita dinamicidade. Como iria construir o meu? Que "cara" ele teria? Esse como me assustou muito. Comecei... nossa que dificuldade....sempre preferi o caderno para anotações. O computador apenas para consultas, leituras, pesquisas e claro para o trabalho como tutora a distância. 

    Entrei no Fórum da disciplina e comecei a ler os comentários dos colegas, anotando seus blogs para visitá-los e quem sabe ter alguma idéia para o meu próprio.

    Percebi que a maioria estava com a mesma ou mais dificuldade que eu. A maioria tem pouca ou nenhuma experiência com blogs. Fiquei mais tranquila, afinal sentia-me menos "obsoleta".

    O meu blog nasceu a partir da minha própria preocupação com o debate em torno da qualidade dos cursos de graduação em Serviço Social EaD. Quis dar mais ênfase a essa discussão,  e como o nosso Conselho Federal de Serviço Social - CFESS acabará de lançar uma campanha  provocativa exatamente utilizando as novas ferramentas da web (redes sociais),  achei que ficaria interessante. Afinal a qualidade acaba sendo uma preocupação constante nessa modalidade de ensino seja pelos que resolvem cursá-la, seja pelos que a oferecem, no caso as instituições.

    Para criar o blog,  levei quase um dia inteiro. Como ele está hospedado dentro de um site gratuito, quis montá-lo desde o início com o máximo de informações que pudesse inserir. Constatei que criar  um blog leva tempo, mas mantê-lo exige bem mais. E de novo me senti meio que "incompetente" com essa tarefa.  Os blogs que visitei de estudiosos em EaD são muito dinâmicos, sempre atualizados e com ampla participação de blogueiros de plantão. 

    Depois que criei  o meu, pensei em como divulgá-lo para que outras pessoas pudessem deixar sua reflexão, sua mensagem... optei por enviar o link  para os alunos/as dos polos que acompanho, para as tutoras/res presenciais e os colegas. Alguns me deram retorno, dizendo tê-lo visitado; outros deixaram mensagens no livro de visitas. Depois de muito, consegui descobrir como inserir um campo para que os visitantes deixassem sua contribuição abaixo do notícia postada. Que vitória! Mas até que ele foi bem visitado.... Deu certo a estratégia. Também funcionou convidar os colegas para visitar. 

    Retornando aos blogs que visitei e postei contribuição, eu achei que acompanhar diariamente era quase impossível. Admiro quem o faça. São tantos comentários, mas nem sempre aprofundados. Estão mais voltados para a superficialidade do assunto ou as vezes, baseiam-se apenas em um aspecto da EaD. Mas não deixa de ser interessante.

   Voltando ao tema do blog, acredito que algumas questões em relação a EaD são consenso. Conforme VALENTE (2003) "A discussão ainda está centrada em meios de comunicação e a existência de material de apoio. Muito pouco tem sido falado sobre as questões pedagógicas. As propostas existentes têm prometido o desenvolvimento de habilidades e competências como, por exemplo, autonomia, criatividade, aprender a aprender, que claramente não resistem à mais simples crítica do ponto de vista pedagógico." É preciso avançar, ir além... Aspectos pedagógicos dizem respeito a informação x conhecimento e ensinar X aprender.

   Outro aspecto que se percebe diz respeito a diferença entre transmitir a informação e necessidade de interação. Essa distinção deve ser clara para nós, pois implica diretamente no processo de construção do conhecimento. E temos que nos questionar cotidianamente: estamos com nossa prática proporcionando as condições para que esse aluno/a produza conhecimento, ou meramente estamos transmitindo uma informação. Questões como essas permeiam as postagens nos blogs de debate.

   Pessoalmente, nesse Desafio que literalmente me desafiou, fiquei atenta aos aspectos discutidos nos blogs e ao meu próprio movimento interno (percepções, sentimentos e emoções) lidando com uma nova ferramenta de interação. Bom, para mim nova, para outros, talvez até superada, obsoleta quem sabe?!.

    Também busquei me colocar no lugar dos acadêmicos/as que eu acompanho. As dificuldades que eles/elas enfrentam para lidar com essas novas tecnologias de EaD. A maioria talvez nunca tenha passado por um curso de informática e a web lhes desvele um mundo novo e de alguma forma assustador. São trabalhadores/ras que resolveram investir nos estudos de "olho" em futuro melhor para si e a família. Acredito que de alguma forma esse exercício me aproximou mais da realidade deles e de como enfrentam esse novo mundo desvelado pelo curso de graduação EaD.

    Dos blogs que visitei, me senti mais provocada pelo do professor João Mattar. É dele a frase a seguir que resume o meu  e o nosso desafio atual:

" Integrar adequadamente tecnologia e educação para que professores possam ensinar em um novo cenário e alunos possam aprender melhor é um dos grandes desafios (...)".

    Não sei se cumpri a atividade desafio como foi proposta, mas senti um alívio confesso ao conseguir criar o blog do meu jeito e com a minha cara. 

    E mais ainda por finalizar essa parte que sistematiza o meu conhecimento adquirido nesta etapa. Talvez até o final da Pós, eu realmente venha a me tornar uma "blogueira de carteirinha" como dizem por ai.

    Por enquanto fico feliz em poder com-partilhar um pouco das minhas reflexões, sentimentos, emoções e aprendizado nessa "colcha de retalhos"  que para mim, está em constante construção e aperfeiçoamento.

    Agradeço aos colegas, acadêmicos/as dos polos que acompanho, tutoras presenciais que visitaram discretamente ou ruidosamente este blog.

    

    Referências

 

1. José Armando Valente - Educação a Distância no Ensino Superior:soluções e flexibilizações - Interface - Comunic, Saúde, Educ, v7, n12, p.139-48, fev 2003.

2. https://joaomattar.com/blog

3. https://educacaoadistancia.blog.br

4. https://eadaqui.com.br/blog

 

 

 

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